trajetória

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lembranças acumuladas em luz e tinta
fragmentos que nos tocaram a alma
as pernas bambas e o equilíbrio incerto
de fazer parecer ali
suave
todo esse mato que cresceu ao meu redor

e, uma a uma,
se esvaem

a memória no calçadão
um brinde a ulysséa
um drink para marlene
e as pernas
bambas
agora dançam, balançam
sem compromisso
à luz daquela foto velha
daquele vestido velho
daquela mensagem
naquele cartão

e passam dois
em passos de dois
e dançam

levanto
lanço o meu olhar sobre um dos vestidos
ele não comunica
a música apenas esboça a impossibilidade do retorno
canto e quero chorar
toda a saudade que brotou da solidão

sento
acendo um cigarro e lhe lanço um olhar
ele não comunica
a carta apenas confirma a impossibilidade de um encontro
grito e quero chorar
todo o vazio que sobrou ao meu redor

encaro
cruzo e descruzo as pernas a bambear
somos nós três
e balões estouram para a festa poder continuar
passeio e quero sorrir
todo o calor que se fez presente em mim

batidas descompassadas em suor e pressa
fragmentos do que nos marcou a vida
as pernas bambas e o equilíbrio incerto
de fazer parecer ali
suave
todo esse mato que cresceu ao meu redor

e, um a um,
se abandonam

fôlego para cantar de novo
um favor simples
o suor a escorrer
e as pernas
bambas
agora descançam, em paz
sem compromisso
àquela penumbra forçada
daquela gaveta esquecida
daquelas saudades
naquelas pessoas

e passam dois
em passos de dois
e dançam

procuro
lanço o meu olhar sobre alguém da plateia
ele não comunica
o fluxo apenas permite a quebra violenta daquela relação
visito e quero deixar
todo o deserto que nasceu dentro de mim

e passam três
em passos de um só
e vão

eu queria te dizer uma coisa.

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