Trajetória

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Eu descia pelas escadas do décimo para o nono andar. Econtrava com ela, entrávamos no elevador e portaria. Seguíamos na Ministro Octávio Kelly, antiga Rua Barros, até a Miguel Couto ou Lopes Trovão, o que variava de acordo com o nosso humor. Em alguma das duas, dobrávamos a esquerda, pegando Roberto Silveira que andávamos mais três ou quatro quarteirões. Era grande e a entrada pequena. Tinha baleiro na porta e muita gente sentada. Era bonito. E eram sempre seis e quinze da manhã.

Saldão dos Textos:

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- Narração das cidades: Lucas
- Jardim: Luar
- Ulysséa: Caio
- Marlene: Luar
- Narração dos homens: Caio
- Madrugada: Caio
- Gaveta: Luar
- Era primavera: Caio
- Carta em inglês: Lucas
- Carta em português: Pedro
- HD: Lucas

é cada um com o seu cada qual.

Primeira Unidade:

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- Mato
- Ulysséa
- Marlene
- Marlene
- Gaveta
- Carta
- Carta
- Mato

Verde: Inicia e finaliza o movimento da primeira unidade. Dar e receber. Calmaria, viagem, paisagens sonoras. Afetos que se atravessam. O corpo em movimento, a imagem animada. Estar é bom.

Vermelho: entre-materiais. Uma cadeira para a sua solidão. Uma confissão que não é adolescente. Olhos nos Olhos. Passagem, um palpite a qualquer hora. Que ano é hoje? Eu queria lhe dizer essas coisas, assim... só para dividir mesmo. Que bom que eu lhe trouxe aqui. "Felicidade Clandestina".

Azul: Conteúdo. Possibilidades para uma possível história. Senta aqui que eu vou lhe contar. HUM. Aquela múscia, aquele cheiro, aquelas ou essas pessoas. Um casal, dois casais. Ficção e realidade. "Essa história, são todas as histórias".

Para dar sentido.
Para falar a mesma língua.

um beijo meus amores.
=*

primeiro esboço 1. png

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Badeschiff/Arena Berlin

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Não sei a referência do autor.

Kevin Hunt

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Cracks of Dawn

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Cliquem nas fotos para vê-las maiores.
Resto da exposição aqui.

Por Maria Luiza Vianna

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Para matar uma saudade: BACK TO THE FUTURE: IRINA WERNING



Eu lembro de ficar esperando linha

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COLUNA DA REVISTRA O GLOBO (13/02/2011)

Obsoleto

Eu sou do tempo do papel carbono, do fax, do telex. Eu sou do tempo do telefone com fio. Do número de telefone com seis dígitos (o meu era 576358). Do tempo em que se ficava esperando linha.

Eu sou do tempo da CTB!

Eu sou do tempo da máquina de escrever, da régua de cálculo, da introdução à ciência dos computadores, da tabuada. Das aulas de Educação Moral e Cívica, de Trabalhos Manuais, de Canto Orfeônico.

Eu sou do tempo do Grupo Escolar.

Eu sou do tempo do Kibombom, tempo da Cuba Libre, da cascata de camarão, arroz de forno.

Eu sou do tempo do arroz doce de sobremesa.

Eu sou do tempo da prancha de isopor, do maiô de duas peças. Tempo do sapato Vulcabrás, da calça boca de sino, da miniblusa.

Eu sou do tempo dos moldes de Gil Brandão.

Eu sou do tempo em que era uma pena a televisão não ser a cores, tempo da mensagem do nosso patrocinador, das boas casas do ramo.

Eu sou do tempo em que a TV tinha botão de ajustes para vertical e horizontal.

Eu sou do tempo do sheik de Agadyr, de Demian, o justiceiro, da minha doce namorada. Tempo de Gladys e seus bichinhos, do Câmera 1, do Rio Hit Parade.

Eu sou do tempo da garota-propaganda.

Eu sou do tempo do cartão postal e do telegrama. Sou do tempo do gravador de $, do compacto simples, do tempo do Long- Play.

Eu sou do tempo dos festivais, do Cinema Novo, do teatro de protesto. Sou do tempo da Leila Diniz, da Brigitte Bardot, da Luciana Paluzzi. Do tempo da Eliana Macedo, da Nádia Maria, da Zezé Macedo.

Eu sou do tempo da Sonia Mamede!

Eu sou do tempo em que se assistia a estreias de filmes do Hitchcock, em que tinha teatro no MAM. Sou do tempo do baile no Municipal, das escolas de samba na Presidente Vargas, do concurso de misses no Maracanãzinho.

Da Bethânia no Teatro Miguel Lemos, da Elis no Teatro da Praia, do Caetano no Terezão.

Eu sou do tempo do Estado da Guanabara.

Eu sou do tempo da Barbosa Freitas, do Príncipe, que vestia hoje o homem de amanhã, da Ducal, das Mercearias Nacionais, da sloper. Sou do tempo da cama Dragoflex, da cadeira do papai, do cigarro sem filtro. Do tempo da Panair, da Cruzeiro do Sul, tempo em que se ia à Europa de navio.

Eu sou do tempo da Varig.

Tempo da praia em frente à Montenegro, do Zeppelin (o bar, não o dirigível), do Beco da Fome. Da fantasia de tirolês, do Almanaque de Férias da Luluzinha, da domingueira no Piraquê.

Eu sou do tempo do Tivoli Parque.

Eu sou do tempo em que a nota de mil cruzeiros era chamada de Cabral. Eu sou do tempo...

Marina Abramović

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Para Luar.

Pra pensar, talvez, na cadeira da confissão e na gaveta das coisas desperdiçadas. Não sei se exatamente pra esse momento. Essa obra me faz pensar em mil coisas, na verdade, que nem sei se vou tentar enumerar, porque acho que eu fracassaria.

Se chama "The Artist is Present", e consiste em uma mesa com duas cadeiras, com M.A. sentada numa delas. O público se reveza pra se sentar de frente pra artista, do outro lado da mesa, e poder encará-la durante alguns minutos.








["Eu nunca tive saudade igual". (Dorival Caymmi)]

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Eu nunca mais amei um homem.


(Dessa saudade que arranca todo o ar do peito, ou é o que parece.)




Moments

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De Will Hoffman.

Chuá

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O feminino de Ulysses

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Minha mãe se chama Ulysséa. U-L-Y-S-S-É-A. Aprendi a soletrar desde cedo, e a vi repetir essa sequência de letras para os outros infinitas vezes. Ulysséa é o feminino de Ulysses, nome do meu avô, que nasceu e morreu em Pernambuco. Meus pais vieram pro Rio de Janeiro e foram os primeiros moradores do prédio onde até hoje vivemos. Alguns anos depois deles, vinda de São Paulo, alugou apartamento no outro bloco uma mulher também chamada Ulysséa. U-L-Y-S-S-É-A: mais alguém também aprendeu a soletrar desde cedo. Tipo de acontecimento raro em que duas pessoas com uma característica singular em comum se encontram em um ponto qualquer de desvio em suas trajetórias. Um dia, essa tal Ulysséa que não era minha mãe foi embora do prédio e nunca mais ouvimos falar dela. Acho que minha mãe deve sentir falta de ter uma xará. Deve ser ruim não ter xará. São saudades bobas, como todas as mães.

darwin deez - dna [director's cut]

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Enviado por Maria Luiza Vianna.
Uma graça de lindo.

Teatro em miniatura

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The Ice Book (HD) from Davy and Kristin McGuire on Vimeo.

Pra começo de conversa.

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Talvez, em alguns momentos do dia sinto fragmentos da maior saudade da vida. agora.

Quatro pernas > Pro ar!

Embola tudo na garganta: o dia em que se encontraram na primeira vez. Loja de móveis. Como seria a nossa casa? First Date.

Sentam os dois no sofá. Bege. Frente a uma tela imensa. Caixas de som ao lado. Som de silêncio. Tímido. Ensaiamos cada fala na cabeça todas as vezes antes de serem ditas. Só sairam alguns ruídos. palavras soltas.

Ela, eu cruzo uma perna na outra minha. (é difícil quando elas são muito grossas) charme falido. Perdem-se ainda mais algumas palavras. Ele olha a tela, refletem as pernas cruzadas.

- Você já viu As horas?

Ele levanta o braço, olha o pulso e engasga o rítimo. gagueja:

- ci cinco horas.

Uma gargalhada! O pulso é tensamente apoiado no encosto do sofá, cheiro de perfume.

- As horas! O filme. (Ela. rindo. descruzando as pernas e enfiando a cabeça entre as coxas. Mãos apoiadas nos joelhos. )

Ele, então, repousa o pulso. Ela cospe o chiclete na lixeira à venda. Acabam aí as intimidações.(pra começo de conversa).

Saudades das nossas conversas com as pernas pro ar, ou enrroscadas no sofá da nossa casa.

Dois lugares

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Conta o vento contra as horas. Peste da fala e praga do corpo, a ansiedade: por qualquer vômito que não faça mal. Da casa mobiliada, o assentamento, a paz, a calma, o rim, a espera, o tédio, o peixe, a expectativa do fim pelo que falta. Nem eu nem ele vamos chegar com as notícias de amanhã (melhor não fazer café). Vou sentar no banco de três tabelas de frente para a praça vermelha. Talvez eu leve comigo o saco de castanhas que comprei, jogue lâmpadas incandescentes no chão para a criança pisar com botas de neve. Me dê alguma coisa estúpida pros olhos, por fim. Para tanto halogênio, deve haver algum ar que se possa respirar. Conto o tempo contra as portas e já prefiro não achar, mas continuo pintando cenários.

Melhor dormir sem alarmes -- minha cabeça já os tem pelas tabelas, e de todo modo não entregam jornal por aqui. Não consigo mais vender meu silêncio, por isso continuo roubando as tremas dos outros com minha lábia. Me parta em dois se quiser, já não faz diferença alguma. O meio é longo e tem seu próprio início e seu próprio fim -- não bastasse isto para o detestarmos, além de tudo não é possível dissolvê-lo ao mexer com a colher. Não sei se devo usar as taças de cristal. Para não quebrá-las, canecas monocromáticas com caracteres japoneses. Não por gosto, por cautela.

Vou jogar fora meus lençóis brancos. Eles já não servem mais, de tão sujos.

Volto já.

Promenade

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Marc Chagall

Todo este mato que cresceu pelas paredes ao redor de nós.

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Aduba, aduba!

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Começo a aumentar as passadas, em pouco tempo já terei de correr no meio de todo esse mato. turbilhão de pensamentos. Falta muito ainda pra quinta(ansiedade). quero veramar tudo isso ao redor.

Por Ricardo Lemos no Facebook

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A saudade é cada dia mais forte. Lido melhor com a morte do que com tudo isso, na morte tenho certeza de um fim. =)

Agendinha online:

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Para organizar:

- saudade no chão: a história da bromélia arrependida. interferências: problemas climáticos, cores e etc. saída: junção para o abraço.

- quando a vida lhe prega uma peça: pentelhos.

- jardim + declaração de amor em cena de filme mudo + fragmentações do discurso em duas línguas: inglês e português.

- gesto da boca, da nuca, do corpo. remar pelo corpo.

- partitura que se derrete na cadeira.

- arara.

Olafur Eliasson

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Saudades Imediatas

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Arcade Fire - The Suburbs (continued)

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If I could have it back
All the time that we wasted
I'd only waste it again
If I could have it back
You know I'd love to waste it again
Waste it again and again and again

I've got to ask
Sometimes I can't believe it
I'm moving past the feeling again

Por Zezé Freitas (saudades de mãe)

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Da Venezuela (Maiquetia) para o Brasil (São Paulo):

Meu vôo para São Paulo sairia em onze horas. Este aeroporto, como tudo na Venezuela, possuía temperatura que se assemelhava à do pólo norte, tampouco tinha bancos ou cadeiras para passageiros que porventura quisessem aguardar seu vôo. Imagine esperar onze horas em um local assim? Fomos a uma lanchonete que estaria aberta até as 22 horas, tomamos um suco, Bruno gravou uma mensagem na câmera fotográfica.

Caminhei mais um pouco pelo aeroporto e encontrei três poltronas que utilizaríamos durante toda a noite enquanto aguardássemos meu horário de vôo. Em meio ao silêncio; discussão; confissões; promessas; cansaço; sono e lembranças, Bruno fez um colar pra Carol, uma coleira pro Juka e um anel pra mim. O colar azul, por ter a cara da Manoela, foi morar em seu pescoço, a coleira do cão, por ser larga, aguarda um reajuste e o anel, por ser incômodo, repousa no armário. Amanheceu, fiz meu check in, nos abraçamos e enfentamos a separação. Dolorida partida.

Enxergo, ainda que de olhos cerrados.
Inundo-me de amor com suas palavras.
Rego a alma com sua ternura.
Sou feliz!

 

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