Apenas Imagens:

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Uma saudade boba:

Uma tentiva de decifrar em imagem a maior saudade do mundo:



Fotógrafo: Ryan McGinley
mais aqui: www.ryanmcgingley.com

Coisas que perdi / um lugar:

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E eu gostaria de deixar registrado que não é fácil para mim dividir essas fotos com vocês. Mas, talvez, seja o caminho que escolhemos para lidar com as nossas maiores dificuldades. Para lidar com o outro e a falta que ele nos faz.
Este nosso mato é novo. Antes dele, alguns já passaram por minha vida. Este, ilustrado na foto, com toda certeza foi um dos mais importantes. Um mato criado e cuidado por duas pesssoas, dois corpos e, principalmente, por dois corações.
Eu tive um jardim, um dia. Quando pensava que as pessoas poderiam ser flores e a vida um eterno regar. Mas não. Desiste dessa idéia. É boba.

Um memorial tão extenso que ignora suas origens

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olha quem achei aqui!!música de satr wars para esse encontro!hehe

Um lugar

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Aos pedidos de Jacira

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18 anos de idade:

http://casadeavenca.blogspot.com/2008/06/saudade-de-futuro.html

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Para provar a todos vocês que sempre fui uma pessoa melosa, dramática e verdadeira.

quarta-feira, 25 de junho, de 2008.

beijos.

Tão simples e tão preciso

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É só pesquisar "saudade" no Vimeo.



Saudade: a Portuguese word for a feeling of nostalgic longing for something or someone that one was fond of and which is lost. It often carries a fatalist tone and a repressed knowledge that the object of longing might really never return.

Aproveitando, a saudade dos outros:

Um filme

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De repente ficou impossível não reciclar essa referência, que eu já havia usado no blog de Arremedo.

Os Guarda-Chuvas do Amor (Les Parapluies de Cherbourg). Sobre saudade. E de uma beleza estética impossível.


E tem a versão em inglês da música também. Que não dá pra não amar.


Ainda mais quando, mesmo num seriado cômico e bobão como Futurama, gera um momento assim:

Uma pessoa

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Fazia meu corpo chorar e minhas veias transpirarem tensão. Foram tantas pedras, no meio dos caminhos de molduras atravessadas do cotidiano, as conversas que tivemos na minha cabeça. Sua boca e seus ouvidos nem sempre foram portas abertas para tudo o que eu queria dizer ou ouvir.

Mas seus olhos eram janelas que eu gostava de pular.

Lisbon History

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Ví esse filme esses dias.

An Experiment on Creativity

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An Experiment on Creativity

Acho a execução desse trabalho muito pobre, mas o conceito de como relacionar o movimento do ator/bailarino ao retroprojetor me faz pensar em algumas possibilidades.

Ando por aí querendo te encontrar...

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Largo do Machado. Icaraí. Pendotiba. São Paulo. Las Vegas. Orlando. Buenos Aires. São Lourenço. NY. Brasília. Berlim. Búzios. Parati. Porto Alegre. Porto Seguro. Porto de Galinhas. Puerto Madeiro. Barcelona. Londres. Copacabana. Flamengo. Botafogo. Parque Guinle. Guarapari. Salvador. Itacaré. Friburgo. Teresópolis. Campos do Jordão. Córrego Sujo. Madalena. Cantagalo. Cabo Frio. Big Bear Lake. San Diego. San Francisco. Miami. Santa Catarina. Tubarão. Lagoa da Serra. Pato de Minas. Casimiro de Abreu. Macaé. Arraial do Cabo. São Pedro da Aldeia. Paquetá. Iguaba. Bonito. Punta del Este. Centro. Paris. Cuba. Uganda. Los Angeles. Vassouras. Governador Valadares. Belo Horizonte. Recreio. Urca. Lanranjeiras...

Dor Re-Dor Redor

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Heimweh. Do alemão, saudades de casa. Heim = lar. Weh = dor.
Mal du pays. Do francês, saudades de casa. Pays = país, lar. Mal = dor.

Hemlängtan. Do sueco, saudades de casa. Hem = lar. Längten = dor.
Homesickness. Do inglês, saudades de casa. Home = lar. Sickness = doença.
Heimwee. Do holandês, saudades de casa. Heim = lar. Wee = dor.
тоска по родине. Do russo, saudades de casa. по родине = pelo lar. тоска = dor.
Hjemve. Do dinamarquês, saudades de casa. Hjem = lar. Ve = dor.

Dor de casă. Do romeno.

Ou Isto Ou Aquilo

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"Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa estar
ao mesmo tempo nos dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo, ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinque, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranquilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo".

Cecília Meireles


Adorava esse poema quando era pequena.
Acho que vida é feita de escolhas, sinto saudades do que não escolhi.

Saudade por antecipação

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Acho que nessa foto eu estava com saudade do que eu ainda tinha.

S-A-U-D-A-D-E

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The letter S, followed by the letter A.

Then comes the U.

Not you, U.

Followed by a D.

And then another A.
And then another D.

Followed by the final E.

S-A-U-D-A-D-E.

Perder a fala

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Trocar os versos ritmados pela simplicidade da amostragem mais crua. Limitar a caligrafia a rabiscos apagados enfei(t)ando aquele caderno velho.

Precisar expressar tudo com toda a clareza possível, colocar-se o tempo todo, em relação a tudo, de maneira impossivelmente definida. Endurecer a ponto de perder aquela inspiração quase espontânea, caçando palavras e correndo atrás do que se quer dizer - e não mais o inverso.

Endurecer, sim.

Deixar de rimar palavras, para rimar as coisas da vida.

Dezessete de julho de dois mil e quatro, trinta e um de dezembro de dois mil e cinco, seis de março de dois mil e seis, dezenove de dezembro de dois mil e sete, vinte e sete de março de dois mil e oito, trinta e um de março de dois mil e oito, dezenove de dezembro de dois mil e oito.

E para voltar a falar: multiplicar.

Karokê da saudade

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Eu e o Lucas concordamos ontem que sim.

Por Carolina Arnizaut

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Oie irmão.

Então, to mandando este trab da Gabi, que eu adoro, e acho que tem uma coisa de saudade, para o tempo, o impedimento...enfim, mil coisas.

bj.

Mais da artista vocês podem encontrar aqui: www.gabrielamureb.blogspot.com

I am a container

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I am a container

Pra pensar em como projetar o que falta.

Saudade dessa semelhança

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Hesite três vezes antes de matá-las

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Telefone avisando que vai. No caminho, pense em como será. Chegue um pouco mais cedo. Toque o interfone do prédio e aguarde no portão até que as expectativas atinjam o ponto certo de crescimento. Caso haja muita espera, prenda a respiração a cada pessoa errada que abre a porta certa, de modo a não deixar as expectativas embolotarem. Ao avistar, hesite sem saber o que realmente havia planejado para quando esse momento chegasse. Tente correr, mas pare. Não pare, corra. Corra como se dez metros fossem cem. Corra como se corresse o tempo e não o espaço.

Abrace longamente.

Perca-se nas horas e ignore o que está à sua volta. Não tente contar o tempo daquele abraço. Não fale nada. A boca não deverá ser utilizada para fala. Hesite mais uma vez; agora, se deve ou não partir esse abraço. Parta-o. Hesite pela terceira vez; agora, se deve ou não dar outro abraço. Dê. Parta o segundo abraço e diga alguma coisa estúpida (quanto mais, melhor). Procure no rosto alguma coisa nova. Vá pra casa.

DV8 PHYSICAL THEATRE

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Este é um dos números que mais me comove.
Divido aqui com vocês.
Apreciem.

Feliz Noel.

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Eu tenho saudade de quando o Natal ainda era Natal. De quando toda essa movimentação e ritual fazia sentido. Tenho saudade dos tempos em que era mágico. Fazia da sala suspensa o meu maior palco. Microfone na mão para anunciar os ganhadores e seus presentes. Era só Natal. A família me olhava...talvez, hoje eles compreendam o que para mim, naquele Natal, era estar alí: no foco da atenção de todos. De correr e a casa parecer imensa. De encontrar escondido no armário do papai um Nintendo 64, uma caixa novinha de legos e uma outra de balas do aeroporto. Encontrar na mamãe um sorriso bobo, feliz e não o planejado que, ás vezes, decupo hoje em seus olhos. Era só Natal. Receber os amigos, a dinda, o pessoal todo do corredor queria também estar lá. Eu tenho saudade da confusão, da fila para tomar banho, de escolher a roupa com antecedência e etc. Acho que, em algum lugar, cresci. E, hoje, mas do que viver os momentos fico pensando como eu os produziria para a minha família. Será que todos passam por isso? Amigos, vocês passam por isso? Tudo necessidade de produção de memória. Mas seu eu tenho saudade deve ser porque os meus pais souberam produzir esses momentos para mim. Ou não. Era só Natal e é disso que eu tenho saudade.

Madrugada

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Enquanto espero na sacada, olhando o pessoal que passa como se passar fosse obrigatório, penso que em tudo há saudade. Se não fosse pelo sussurro diário do que não é, não pensaria que talvez tudo fosse. Penso, como deveria pensar de fato, que, se em tudo há, em tudo falta. Não há existência sem ausência.

Saudade desse nada para fazer.

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De quando a lua subia e o dia acabava

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Chegar da escola, trocar de roupa, sujar as meias brancas no chão de tacos soltos, contar as horas pra alguma coisa, assistir TV, ser feito de bobo, aprender a não ser bobo, encontrar o pacote de figurinhas, completar uma página do álbum, correr pela sala, cantar Beatles todo errado, deixar o álbum largado no chão, jogar todas as peças de LEGO no chão, deitar no chão, pular no chão, quando o chão era a coisa mais divertida do mundo, aqueles tacos soltos que viravam naves nas minhas mãos, abrir a porta pro meu pai cansado do trabalho com sua blusa branca de botões (mais médico do que hoje), sair do chão e ir ao teto carregado pelas suas mãos de herói trabalhador me fazendo de herói de fantasia, ouvir a movimentação na cozinha sinalizando o preparo do jantar, correr pra construir o LEGO antes do jantar, pedir pra minha mãe fazer o bife da noite (o bife da noite é sempre mais gostoso), raspar o prato, terminar minha construção, fazer o dever de casa, desenhar cinco coisas, escovar os dentes, rezar, dormir, a saudade de quando ser simples era natural traduzida no cheiro de alho e cebola fritando no azeite.

A boa dica:

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Para matar uma saudade primeiro é necessário que você esteja de pé. Depois de tomada a decisão, você pode descer as escadas. Mire a porta como quem encara um elefante e isso não lhe parece intimidador. Levante o braço direito em direção a maçaneta. Agarre a maçaneta, gire levemente para a esquerda e, de supetão, puxe a porta. Analise agora o objeto. É bonito. Comece pelos pés repousados no tapete. Subas pelas pernas, quadril, peito, nuca e rosto. Abra um sorriso e erga os dois braços para a frente. Dê um ou dois passos e e flexione os cotovelos. Sim, isso é um abraço. Busque ter calma ao respirar. Tente encontrar um rítmo único para esses dois que, neste momento, são um só. Aperte, varie a intensidade e fique o tempo que desejar e a situação pedir. É desta forma, com toda certeza, que se mata uma saudade.

A falta que a inocência me faz

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Antecipação de uma nostalgia construída

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MODERN TIMES from BC2010 on Vimeo.

De Sérgio Bittencourt para Jacob do Bandolim

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Como cantar uma maior saudade do mundo. Tenho medo de sentir essa saudade.

Pela falta nas falhas do corpo:

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Começando pelos pés: os meus dedos sentem a falta das pedras portuguesas, do azulejo da piscina, da rua de terra batida e das sandálias de borracha. sentem a falta de beliscar as pernas de outro homem e também que ele lhe corte as unhas. os peitos de meus pés sentem falta da bola pouco batida, do gol nunca acertado e das queimaduras de sol, férias em búzios - geribá. Os meus tornozelos sentem falta das trezentas e cinquenta mil fitinhas do senhor-do-bom-fim que já carregaram. Sentem falta da tatuagem que ainda não está presente, mas chegará em breve. Sentem falta do all-star preto de cano alto e cadarços coloridos, clubber time. Do joelho para baixo, as minhas pernas sentem a falta de roçar nas suas, de quando um pouco menos de cabelo as habitava. As batatas sentem, constantemente, falta de qualquer tipo de massagem ou toque. Sentem a falta dos bandaids, da dor da queimadura no cano de descarga da moto e de poder ver e contar pintas ou sinais. Os meus joelhos sentem falta das suas mãos, dos arranhões e machucados esporádicos. Sentem falta de um chão duro, de apoio e carinho. As minhas coxas sentem falta do tesão, do arrepiar dos cabelos e de suas mãos bravas. Sentem falta da pinta grande, do movimento de ir e vir de um ou mais romances. Sentem a falta de perder o juízo, de um bom travesseiro entre elas, desenvolvendo e revelando novas e delicadas entranhas. No meio e superior a elas: o meu sexo. Este sente falta do pouco que já viveu. Sente falta de ser amado, manipulado e desejado. Sente falta do riso bobo, das manhãs sem rumo e compromisso. Sente falta das cuecas largas, de trocar as roupas e ficar dependurado, balançando. Sente falta de ar. O meu sexo, talvez, seja reflexo de todas as minhas faltas. O meu quadril sente falta de bailar, dançar, nadar e correr. Sente falta de ser segurado pelos ossos, expremido, puxado para frente e para trás. É do meu quadril a maior falta: agito. A minha barriga sente falta de quando tinha menos gordura, menos cabelo e menos problemas na pele. Sente falta de sentir frio, de se arrepiar por inteiro e sem pudor. De ser colorida, gozada, batida e mordida. De ser bonita, corada e, ao mesmo tempo, sem graça. De ser tímida, pequenina e de ser beijada. Os meus peitos poucas faltas sentem. Talvez, tenham vivido ainda poucos episódios. Os meus ombros sentem falta de quando não eram estranhos e grandes demais para os meus braços. Sentem falta também de serem ombros comuns e não estalados, como hoje o são. Os meus braços sentem a falta de seus abraços, carícias e contato. De rolar na cama, arrumar e dobrar a colcha. Sentem falta de quando tinham menos cabelo, espinhas e folículos inflamados. As minhas mãos sentem falta de dar as mãos e do peso de alguns anéis que, um dia, pensei em usar. Sobre o meu pescoço não falo e a minha cabeça nada sente. Não sente a falta de nada.

I Say a little pray for you

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Saudade do que não vivi. De produzir um momento como esse. Para outro alguém. Saudade do todo, de muitas pesssoas e de se sentir um estranho no ninho. É uma estranha saudade.

"Six Feet Under: Timing & Space (#3.7)" (2003)

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Brenda Chenowith: I've missed you. Through this.

Nate Fisher: I missed you too. I mean, it's not like I don't know how much being with you changed me. How much it woke me up as a person. I wouldn't be who I am today if I never met you. I certainly wouldn't floss everyday, that's for sure.

Brenda Chenowith: You're keeping up with that?

Nate Fisher: After every meal.

Brenda Chenowith: You changed me too.

Nate Fisher: Yeah? How so?

Brenda Chenowith: You're the first person I've lost for really costed me something. That's why I haven't been with anyone since.

Nate Fisher: Nobody?

Brenda Chenowith: It's too scaring, the thought of screwing it all up again.

Nate Fisher: Yeah, you'll find somebody.

Brenda Chenowith: That is so not the answer. You know what I think?

Nate Fisher: About what?

Brenda Chenowith: I don't know. Life.

Nate Fisher: What?

Brenda Chenowith: I think it's all about timing. I think timing is everything.

Nate Fisher: I think you might be right.

Estar em um lugar é não estar em vários outros

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Me lembrei do que escrevi sobre uma mulher que eu via todos os dias em Berlim, e reencontrei esse post num finado blog que eu tinha. Sei que a saudade que sinto dela é a mesma que tenho por aquela cidade, o que me faz pensar, dentro do nosso inventário de saudades, naquelas metonímicas. As da parte pelo todo.

A moça do café

14 DE DEZEMBRO, 2009
por lucascanavarro

Descobri outro dia um café parecido com muitos outros na Frankfurter Allee. O único diferencial é que lá se come um ciabatta com mozzarella e tomate ao pesto sem igual em Berlim. É preciso esperar um bocado, porém, até que você de fato possa tascar um pedaço do dito cujo. Mesmo que não fosse esse o caso, seria impossível não notar a pessoa por trás do balcão.

Uma mulher que beira, talvez, os quarenta anos, de olhos azuis e longos cabelos louros, comanda seu exército de um homem só para atender à vasta clientela que enche diariamente aquele cantinho escondido do bairro de Friedrichshain, movida pela comida saborosa, pelo bom café, pelos preços justos, ou quem sabe somente mesmo pela graciosa atendente.

Prática comum em Berlim, a moça do café exerce as funções que num café no Rio, por exemplo, seriam exercidas por cinco diferentes pessoas: manipula o dinheiro no caixa, limpa as mesas, prepara o café, coloca o pão da chapa, esquenta a sopa, e por aí vai. Tudo com um sorriso no rosto, sem esquecer o que falta, sem errar o pedido, sem dar o troco errado. Aqui, como, acredito, na maior parte do mundo, nem sempre os atendentes são assim. A cara fechada não é exclusividade dos garçons sexagenários do Lamas. E olha que eles não precisam dar o troco enquanto escutam o pedido de outra pessoa, no meio do preparo de um café, e não se esquece que a sopa tá esquentando lá dentro! E olha aquela mesa ali, os caras levantaram, tem que tirar os pratos sujos! E não esquece de avisar ao jovem ali que o sanduíche já, já tá pronto… Faltavam 5 minutos para o reinício das aulas e meu pão ainda não estava pronto. Comi com pressa, mas nem um pouco incomodado com isso.

Decidi ir lá congratular a moça do café, ou quem sabe perguntar como poderia falar com o dono do estabelecimento. Sabendo que há uma escola de alemão nos arredores, ela sempre procura falar o idioma de forma bem clara e justa, sem tatibitate. Para poder me expressar devidamente, porém, preparei o discurso em inglês. Me levantei da mesa para dizer àquela mulher o quanto eu admirava sua beleza trabalhadora, e como ela deveria ter orgulho de si mesma, caso ainda não tivesse. Talvez ninguém tenha dito isso a ela um dia, pensei. Um grupo de cinco pessoas formava fila no caixa, checando que croissants estavam lá, que tipo de chai tomariam hoje. Ela não estava lá. Preparava um café ou colocava um pão na chapa. O relógio batia 11h32, abri a porta da rua e calei meu elogio num blog.

Como se mata uma saudade

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Para se matar uma saudade você deve: afastar ao máximo um braço do outro e mante-los bem esticados, na altura dos ombros. Em seguida, vá docemente flexionando os cotovelos e arredondando-os. As mãos vão se aproximando até se encontrarem a frente do corpo, na altura do plexo.

Quando as mãos se tocam, você deve levar o peito, somente o peito, em direção ao teto e seguir com o movimento dos braços (nesse estágio a saudade já está sufocando). Para terminar de matá-la, não interrompa o movimento, deixe que as mãos se cruzem e se encontrem novamente, agora já por trás da nuca, enquanto os cotovelos se sobrepõem um acima do outro, a frente do rosto. Fique o tempo que agüentar.

Não se arrependa.

Um dia qualquer do outubro de 2008

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Acordei atrasado, admirei o tempo, fiz um ensaio de fotos, fui para o trabalho e me demiti.

Ladytron - Destroy everything you touch

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Da ordem do melhor que já vivi. E pra trazer meu roquenrou.

Uma avalanche para piano:

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saudade dos domingos em niterói. saudade de almoçar na cama dos meus pais antes de ir para a escola. saudade de usar a mesma blusa que meu pai, em tamanho menor, é claro. saudade de descer para o play e da piscina. saudade de não sentir esse vazio aqui dentro. saudade de viajar todo ano, de arrumar as malas e partir. saudade de conhecer gente nova. saudade de se apaixonar a primeira vista. saudade do largo do machado, aquele largo e não o de hoje. saudade da moreira césar quando a vovó ainda morava lá. saudade de pintar o all star, de estudar para história e fazer resumos de biologia. saudade de tudo aquilo que se perdeu. saudade da Didi. saudade do meu corredor, dos meus antigos vizinhos e da comunhão que nos cercava. saudade da época em que o natal era uma data festiva de verdade. saudade de fazer muitas compras, de voltar para a casa cheio de coisas novas. saudade daquelas balas pequenas e coloridas. saudade de alguns que por muito já chamei de amigos. saudade de não ter tantos problemas na pele e na cabeça. saudade de entrar na faculdade, de não fumar, de não beber e, mesmo assim, estar. presente. saudade de comer bolo gelado, caçata, chuvisco e café da manhã na cama no dia do aniversário. saudade da pasta de dente colorida, do banheiro amarelo e do armário de madeira. saudade de orlando, buenos e também de são lourenço. saudade de descer naquele escorrega enorme que me levava de um andar ao outro. saudade de comer caqui sentado na pia. saudade de pensar em me pintar todos os dias do ano. saudade do meu cabelo grande, das minhas munhequeiras e bermudas largas. saudade de ouvir cássia eller no último volume. saudade de quando vir do rio para niterói criava uma espécie de aventura na rotina. saudade dos passeios com muita gente, das fotos com girafa e de gangorra. saudade de alguns homens que por mim passaram e, em meu corpo, deixaram marcas. saudade de recolher roupas do chão, pensar no que comprar e em como trepar. saudade do flerte, da boca seca, do primeiro encontro entre duas mãos. saudade de rio, sol e vento na cara. saudade do cheiro de cigarro das mãos de meu pai. saudade de andar de bicicleta. saudade de ir a paquetá, carregando na barca uma geladeira. saudade do nordeste e dos amigos que fiz lá. saudade da viagem que mudou a minha vida, quando dentro de um navio compreendi como e o quão forte poderiam ser os encontros não planejados. saudade de vestir casaco e de frio no pé. saudade de escrever cartas, ler cartas, mandar e receber cartas. acho que das saudades que tenho a maior parte delas pode entrar na categoria das saudades bobas. risos.

Correspondências

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Resgatei no meu e-mail as respostas que recebi de alguns amigos em 2008, quando perguntei se achavam que saudade dá e passa :


"Saudade não passa, não.


Tenho saudade de tudo que eu já vive.

As vezes tenho saudade do que não tive também.

É serio, qnd vc pensa no que poderia ter acontecido se vc não fosse tão estúpida e fica com saudade... de ser uma coisa que vc nunca foi, talvez.



Me sinto estúpida muitas vezes por sentir saudades demais.

Sinto saudade até de quem esta bem pertinho de mim.

Me pergunto se as coisas valem a pena quando no fim das contas viram saudade.

A saudade é o mal daqueles que esperam das coisas a eternidade.

Essa bobagem toda de ter que viver no presente é pura verdade.

Saudade não passa por que quem já sentiu saudade não quer que ela volte nunca mais.

Fica com medo e sente mais saudade. Aí a saudade vem na forma daquela felicidade eufórica de querer que nada disso acabe nunca.

Um dia ouvi de um namorado, quando menina, meu que queria parar ali pra não estragar a saudade.

Acho que ele tinha razão."





"Outro dia estava relendo umas cartas que troquei com uma grande amiga minha que passou uma temporada na europa.

Em uma dessas cartas ela começou a falar sobre saudade, no fim da qual ela deixou a seguinte pergunta: Saudade dá e passa?

Fui incisivo e respondi em duas palavras. Isso mesmo mandei pelo correio, uma carta para a Europa contendo somente duas palavras. Sim, passa.

Na verdade isso não correspondia a minha real opinião e eu tinha plena consciência disso enquanto escrevia minha resposta. Acontece que sua pergunta me pareceu de tal modo um pedido, e não um questionamento retórico, que coloquei no papel aquilo que acreditva ser o que ela queria ouvir.

A primeira coisa que pensei, exatamente na hora em que lí a pergunta, foi na diversidade das saudades. Existem saudades e saudades, e certamente algumas passam, outras não.

Mas nesse momento, não quis pensar nas outras saudades. Visualizei as saudades da minha amiga. Sua cidade, sua família, seus amigos, seu namorado. Enfim sua vida. Quando ela falava de saudade, então, só poderia estar se referindo a isso tudo.

Mandei a resposta, convicto de que fazia a coisa certa, mas só fui perceber dois detalhes muito relevantes depois que já a havia postado no correio.

Entendí a pergunta de minha amiga como um pedido. senti nela o intenso desejo de que a saudade fosse esgotável, e, querendo confortá-la, respondi aquilo que, no fundo, quem mais desejava que fosse verdade era eu mesmo.

Acho que isso aconteceu porque a saudade que me dominava na época era muito mais forte do que todas as outras saudades que eu tinha, e assim, na hora de responder, eu só respondí por ela.

A capacidade de uma saudade de ser conflituosa é algo espantoso. Assim como ela é gostosa, ela é triste e da mesma maneira que é acolhedora ela consegue ser um deserto.

No meu caso, apesar dessa dualidade, eu tinha a certeza de que o melhor pra minha vida era que a saudade passase o quanto antes, e eu desejava muito isso exatamente porque, naqueles dias, eu tinha a sensação de que ela não passaria nunca.

A saudade tão forte, que dá vontade de viajar no tempo, quer ser soberana, quer diminuir as outras saudades. As vezes elas, tão infladas, são as únicas que conseguimos enxergar.

Na hora que lí a carta, só enxerguei a minha saudade soberana, e também só enxerguei a saudade que eu achava que dominava minha amiga. E aí respondí errado.

Luar, toda a saudade que tem do Brasil vai passar. Você volta. Mas esqueci de algo importante. Você continua VIVENDO na Europa e certamente por aí, já conheceu pessoas, lugares e situações que talvez nunca volte a ver na sua vida.

A saudade dessas coisas não vão passar nunca. "

Zion by Barak Marshall

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São dois que são muitos.

Le P'tit Bal

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Para a briga de amor mais linda do mundo. Saudades de quando dançamos juntos e variamos de par.
Morram pelas beiradas. Incrível!

MARISA MONTE - "MAIS UMA VEZ"

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Saudades dessa música, de ouvir e cantar Marisa na casa da Tatá. Saudades da Tatá e do momento em que nos conhecemos. Mas do momento que vivemos do que dela, talvez. A saudade também revela verdades. Saudades do Gustavo, de ter um primeiro amor, de chorar no chuveiro e da Gavião Peixoto. Saudades do terremoto que criei para mim.

Adubo

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Queridos, é com muita alegria que inauguro o blog deste nosso novo projeto. Vamos fazer dele um espaço aberto para a nossa pesquisa. Aqui tudo pode e deve ser colocado da maneira que nos sentirmos mais a vontade.

Publico, neste primeiro post, a listinha de inquietações que criamos em nosso encontro. Fiz uma edição nela, tentando dividí-la por segmentos. Bom, vamos lá:

A) Talvez sejam só detalhes:

- um lugar
- uma música
- um objeto
- um cheiro
- uma foto
- um livro
- um filme
- uma entrevista
- uma pessoa

B) Talvez a gente nunca ouse dizer a verdade:

- saudades de...
- eu tinha saudades de...

C) Talvez não ter respostas seja mais saudável do que o ponto final:

- como se mata uma saudade?
- saudade mata?
- saudade em outras línguas?
- saudade dá e passa?

D) Talvez por Tal vez, como aquela vez, como quem conta ou inventa uma história:

- saudade como projeção de expectativas
- saudades que morrem depois de matadas / uma decisão.
- saudades substituídas
- a maior saudade do mundo
- morrer de saudade
- uma saudade boba
- a saudade de outra pessoa
- uma saudade latente, constante, magoada ou mal resolvida

E) Talvez possam ser possibilidades dentro de gavetas

- coisas que perdi
- coisas que não ficaram na memória
- memórias construídas

F) Talvez ou por via das dúvidas
- cartografia do corpo pautada na saudade
- uma continuidade e uma ruptura

fim.

 

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