De quando a lua subia e o dia acabava

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Chegar da escola, trocar de roupa, sujar as meias brancas no chão de tacos soltos, contar as horas pra alguma coisa, assistir TV, ser feito de bobo, aprender a não ser bobo, encontrar o pacote de figurinhas, completar uma página do álbum, correr pela sala, cantar Beatles todo errado, deixar o álbum largado no chão, jogar todas as peças de LEGO no chão, deitar no chão, pular no chão, quando o chão era a coisa mais divertida do mundo, aqueles tacos soltos que viravam naves nas minhas mãos, abrir a porta pro meu pai cansado do trabalho com sua blusa branca de botões (mais médico do que hoje), sair do chão e ir ao teto carregado pelas suas mãos de herói trabalhador me fazendo de herói de fantasia, ouvir a movimentação na cozinha sinalizando o preparo do jantar, correr pra construir o LEGO antes do jantar, pedir pra minha mãe fazer o bife da noite (o bife da noite é sempre mais gostoso), raspar o prato, terminar minha construção, fazer o dever de casa, desenhar cinco coisas, escovar os dentes, rezar, dormir, a saudade de quando ser simples era natural traduzida no cheiro de alho e cebola fritando no azeite.

3 comentários:

Caio Riscado disse...

coisa mais linda.

bel flaksman disse...

Desculpe me intrometer, mas isso é lindamente CACO.. Bela saudade.

Luar Maria disse...

muito lindo. Se meta sempre Belzita!

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