Uma avalanche para piano:

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saudade dos domingos em niterói. saudade de almoçar na cama dos meus pais antes de ir para a escola. saudade de usar a mesma blusa que meu pai, em tamanho menor, é claro. saudade de descer para o play e da piscina. saudade de não sentir esse vazio aqui dentro. saudade de viajar todo ano, de arrumar as malas e partir. saudade de conhecer gente nova. saudade de se apaixonar a primeira vista. saudade do largo do machado, aquele largo e não o de hoje. saudade da moreira césar quando a vovó ainda morava lá. saudade de pintar o all star, de estudar para história e fazer resumos de biologia. saudade de tudo aquilo que se perdeu. saudade da Didi. saudade do meu corredor, dos meus antigos vizinhos e da comunhão que nos cercava. saudade da época em que o natal era uma data festiva de verdade. saudade de fazer muitas compras, de voltar para a casa cheio de coisas novas. saudade daquelas balas pequenas e coloridas. saudade de alguns que por muito já chamei de amigos. saudade de não ter tantos problemas na pele e na cabeça. saudade de entrar na faculdade, de não fumar, de não beber e, mesmo assim, estar. presente. saudade de comer bolo gelado, caçata, chuvisco e café da manhã na cama no dia do aniversário. saudade da pasta de dente colorida, do banheiro amarelo e do armário de madeira. saudade de orlando, buenos e também de são lourenço. saudade de descer naquele escorrega enorme que me levava de um andar ao outro. saudade de comer caqui sentado na pia. saudade de pensar em me pintar todos os dias do ano. saudade do meu cabelo grande, das minhas munhequeiras e bermudas largas. saudade de ouvir cássia eller no último volume. saudade de quando vir do rio para niterói criava uma espécie de aventura na rotina. saudade dos passeios com muita gente, das fotos com girafa e de gangorra. saudade de alguns homens que por mim passaram e, em meu corpo, deixaram marcas. saudade de recolher roupas do chão, pensar no que comprar e em como trepar. saudade do flerte, da boca seca, do primeiro encontro entre duas mãos. saudade de rio, sol e vento na cara. saudade do cheiro de cigarro das mãos de meu pai. saudade de andar de bicicleta. saudade de ir a paquetá, carregando na barca uma geladeira. saudade do nordeste e dos amigos que fiz lá. saudade da viagem que mudou a minha vida, quando dentro de um navio compreendi como e o quão forte poderiam ser os encontros não planejados. saudade de vestir casaco e de frio no pé. saudade de escrever cartas, ler cartas, mandar e receber cartas. acho que das saudades que tenho a maior parte delas pode entrar na categoria das saudades bobas. risos.

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