Dois lugares

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Conta o vento contra as horas. Peste da fala e praga do corpo, a ansiedade: por qualquer vômito que não faça mal. Da casa mobiliada, o assentamento, a paz, a calma, o rim, a espera, o tédio, o peixe, a expectativa do fim pelo que falta. Nem eu nem ele vamos chegar com as notícias de amanhã (melhor não fazer café). Vou sentar no banco de três tabelas de frente para a praça vermelha. Talvez eu leve comigo o saco de castanhas que comprei, jogue lâmpadas incandescentes no chão para a criança pisar com botas de neve. Me dê alguma coisa estúpida pros olhos, por fim. Para tanto halogênio, deve haver algum ar que se possa respirar. Conto o tempo contra as portas e já prefiro não achar, mas continuo pintando cenários.

Melhor dormir sem alarmes -- minha cabeça já os tem pelas tabelas, e de todo modo não entregam jornal por aqui. Não consigo mais vender meu silêncio, por isso continuo roubando as tremas dos outros com minha lábia. Me parta em dois se quiser, já não faz diferença alguma. O meio é longo e tem seu próprio início e seu próprio fim -- não bastasse isto para o detestarmos, além de tudo não é possível dissolvê-lo ao mexer com a colher. Não sei se devo usar as taças de cristal. Para não quebrá-las, canecas monocromáticas com caracteres japoneses. Não por gosto, por cautela.

Vou jogar fora meus lençóis brancos. Eles já não servem mais, de tão sujos.

Volto já.

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